05/10/2007

Peeping Tom




Já se passaram quase 10 anos desde o fim do Faith no More, com a separação, cada integrante seguiu a sua carreira de um modo, Ozzy ganhou um baterista, Brujeria ganhou um baixista, a bicha louca do Roddy Bottum (Tecladista) continuou com as suas outras bandas mais ou menos, mas o que mais chama atenção, de novo, é Patton. Mesmo sem o FnM ele ainda tinha o seu precioso Mr. Bungle, que chegou ao fim em 2005, mas isso não impediu Patton de continuar com as sua experiências bizarras com o Fantômas, Tomahawk, Lovage, ou até mesmo em participações com outros músicos como a Björk. Mas desses trabalhos, nada é acessível ao grande público, e foi a partir disso que Patton começou a produção de seu novo projeto, ainda no ano 2000.
6 anos de produção, e finalmente, em maio de 2006 foi lançado o novo CD de Patton, com a nova banda, Peeping Tom. A banda é o projeto mais Pop e acessível de Patton, mas sem deixar de lado as já características de seus outros trabalhos. Segundo Patton, Peeping Tom é o tipo de música que ele gostaria de ouvir nas rádios, se as ouvisse. Passando longe de Fantômas e Bungle, o novo CD conta com uma participação em cada música, sendo 11 ao todo. As participações são completamente váriadas, indo de Bebel Gilberto, fazendo uma bossa no maior estilo brega, indo até Norah Jones dando uns gemidos no microfone.

O cd pode parecer meio estranho - o que não é novidade quando se fala de Mike Patton - na primeira audição, talvez pela batida Hip-Hop (Ou Trip-Hop, como preferir) misturada com a grande quantidade de samples do CD, mas isso tudo pode ser relevado quando se leva em conta o quão inteligente, engraçado e irônico Patton consegue ser na composição de um CD completamente Pop. O cd já começa com a participação do DJ Odd Nosdam, na música Five Seconds, que lembra bastante Lovage em algumas passagens, que logo depois ganham um clima mais acelerado, com uma bateria carregada e os vocais já tradicionais de Patton. O clima da música é todo intercalado entre esses dois opostos, tendo um resultado final bem interessante. O CD continua com Mojo, que já ganhou até clipe. A música conta com uma das participações mais bem sucedida, que é entre Patton, Rahzel e Dan the Automator, sendo esse último um completo desconhecido pra mim.

A participação com o carioca Amon Tobin na música Don't Even Trip também ficou excelente, provavelmente pelos samples tradicionais do DJ, que faz uma excelente fusão entre diversos estilos, fazendo uma sopa musical de muito bom gosto. A parceria com a também brasileira Bebel Gilberto resultou na excelente Caipirinha. As ligações de Patton com a lingua portuguesa já vem de mais tempo atrás, na época do Faith no More, num misto de português e inglês em "Caralho Voador", ou até nos elogios aos policiais paulistas em um dos shows da banda pelo Brasil. Não é qualquer um que tem cojones e falta de senso pra mandar a polícia local tomar no meio do cu, falando na lingua deles ainda, hein. Por essas e por outras que qualquer parceria com um brasileiro já é garantia de música boa, ou pelo menos engraçada.

Outra música que merece destaque, é a tão esperada participação de Patton com o Massive Attack, que gerou a música Kill the DJ. A música é de ótimo bom gosto, juntando o melhor da criatividade de Patton, com o talento dos dois caras (que eu realmente não me lembro o nome) do Massive Attach. É trip-hop de primeira mesmo. Pode comparar com Portishead que ninguém vai reclamar. Já Sucker, com a gostosíssima Norah Jones, parece uma sobra do CD do Lovage, ou seja; gemidos, letras insinuadoras e qualidade boa pra caralho. E após uma sucessão de 10 ótimas músicas, o CD fecha com a candidata a melhor do disco, We're not alone. Gravada em parceria com o Dub Trio, a música é excelente, Patton se solta um pouco mais nos vocais, o clima vai intercalando entre dois extremos, e ainda tem uma letra bem legal.

Naquelas, Peeping Tom é mais um dos ótimos projetos do Patton, sendo esse o mais fácil de se gostar, já que é provavelemente o único em que ele parece com um músico normal. Apesar de se conter bastante nos vocais, ainda são notáveis os traços mais característicos marcados nos tempos de Bungle e Faith no More. CD recomendado pra todo mundo, desde os fãs antigos de Faith no More, ou do Patton, até aqueles que nem sabem que ele é. Pros frescos que não gostaram de Fantômas, podem baixar com vontade, ele tá bem mais normal e contido nesse CD.


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