EM BUSCA DO TESOURO PERDIDO
Esses dias tive a chance de bater um papo (nem tão informal assim) com um dos publicitários mais bacanas e mais experientes do mercado paranaense, corintiano de boa alma. Sempre ouvi falar bem do cara e o tratamento que eu tive confirmou o que eu imaginava. Na oportunidade acabei falando mais do que ouvindo, mas tudo bem, estava lá pra isso mesmo. Foi importante descobrir que compactuamos, assim como muitos aqui, a opinião de que uma Idéia é uma Idéia em qualquer lugar. E que esse é o combustível para o sucesso de serviços, produtos e, logicamente, marcas.
Recentemente escrevi aqui no Ponto e Vírgula que deveríamos fazer uma mea-culpa com os anunciantes, afinal, essas grandes Idéias que a gente tem são projetadas para os negócios deles, ou seja, as duas partes precisam estar em sintonia para a mágica acontecer.
Parênteses: uma boa Idéia.
Cada vez tenho mais certeza de que uma boa idéia não é um filme, um anúncio, um hotsite. Quer dizer, pode ser tudo isso. Ou não. Depende. Uma boa idéia pode ser um adesivo no olho-mágico da porta. Pode ser um design diferente num código-de-barras. Pode ser um joguinho para videogame. Pode ser uma ponte, no caso a Ponte da Mulher em Buenos Aires – sua construção foi uma proposta de uma agência de publicidade. Hoje brigaria por um
Titanium com certeza! Uma boa idéia pode ser qualquer coisa, contanto que faça diferença na vida do nosso querido cliente.
Voltando aos clientes e ao nosso trabalho. Será que eles não aprovam nosso filme, porque o filme criativo com uma puta sacada já não é mais uma boa Idéia? Será que aquele anúncio super bacana, visual Archive, não é pra eles só mais um anúncio? Nós estamos entregando mesmo boas Idéias? Algumas vezes sim. Quando é boa de verdade tem muito mais do que isso, tem paixão, carinho e cuidado com o cliente. Afinal, ninguém melhor do que uma agência de publicidade para pensar de forma criativa e propor soluções que incrementem o negócio do camarada.
Mas repito a pergunta, sinceramente, nós estamos entregando boas Idéias? Acho que não. Muitos de nós ainda insistem no modelo arcaico de publicidade. Nós pegamos o produto/serviço do cliente, que é cheio de tecnologia, é moderno, é ousado e (na maior cara-de-pau) enfiamos dentro das mesmas fórmulas velhas e batidas – anúncio, filme e outdoor.
Aí vivemos um paradoxo. Dificilmente a gente leva Idéias para os clientes e quando isso raramente acontece, eles não aprovam. Quando colocamos o brief nas fórmulas tradicionais eles não aprovam. Às vezes até quando executamos as idéias deles, eles não aprovam. Não é verdade?
Na minha opinião, cabe a nós, aí acho que é um papel fundamental do Clube, envolver cada vez mais os clientes e fazê-los enxergar as Idéias que levamos pra eles. Fazê-los curtir publicidade da mesma maneira que a gente e fazê-los entender novamente que agências de publicidade, sejam elas bellow, above, direct, etc. são as únicas empresas com competência para propor mudanças criativas para seus negócios.
Na outra ponta, cabe também ao clube incentivar os profissionais a pensar de forma mais criativa, a desenvolver Idéias de verdade.
Vou aproveitar que Cannes aconteceu esses dias e repetir o que já disse anteriormente aqui no P&V. O Titanium foi criado para premiar Idéias que fazem diferença. É em busca dessas idéias que devemos correr atrás, mas sem esquecer de colocar o cliente no barco com a gente.
Beto Ghidini faz parte da equipe de atendimento da CCZ Comunicação do Paraná e escreveu este texto na coluna Ponto & Vírgula do CCPR
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